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O filho “picky eater”

Seu filho é um picky eater? A tradução seria algo como “comedor seletivo” ou, em outras palavras, ele dá muito trabalho para comer e não aceita no prato nada diferente do seu habitual? Em caso afirmativo, saiba que você não está sozinho. Um estudo inédito no Brasil, entrevistou 900 mães de São Paulo e de Recife com filhos entre 1 e 10 anos de idade, e um terço das entrevistadas revelou que seus pequenos se encaixam nesta classificação.

A criança muito seletiva e exigente para comer acaba não consumindo a variedade necessária de nutrientes, podendo chegar a desenvolver problemas de saúde que geram atrasos no desenvolvimento físico e até mental, em alguns casos.

Rejeitar vegetais, comer pouco ou muito vagarosamente, raramente sentir fome, aceitar somente o alimento preferido e se distrair com frequência foram os problemas mais relatados pelas mães entrevistadas. Interessante que alguns itens levantados mostraram que o problema muitas vezes encontra causa principal nos maus hábitos difundidos na própria família: 90% das crianças consomem itens como biscoito, iogurte, salgadinhos, frutas e sucos entre as refeições, chegando à mesa para a refeição principal já totalmente saciadas.

A atenção por parte dos adultos no quesito alimentação do pequeno e da família é fundamental para que maiores variedades de comida e nutrientes comecem a ser oferecidos e experimentadas pelas crianças. Listamos algumas dicas valiosas para fazer seu filho sair do grupo dos seletivos:

1. Seja o exemplo – Se a alimentação dos pais não reflete bons hábitos e não for diversificada, não adianta achar que ensinarão seu filho a comer saudavelmente.

2. Aprenda a cozinhar – Devido à falta de tempo, a maioria dos pais não cozinham mais em casa. Planejar essa rotina familiar e pedir ajuda para se organizar, ou até mesmo para aprender a cozinhar, é muito válido. Haverá a possibilidade de se controlar a qualidade do que está sendo ingerido por todos e ainda há a chance de se descobrir que preparar um prato saudável é bem mais simples e prazeroso que se imaginava.

3. Diversifique as combinações – Desde a papinha é importante ir introduzindo o bebê a novos sabores e texturas. Com a variedade de oferta de alimentos, a criança se familiariza com mais opções e não rejeita experimentar novidades.

4. A criança deve ingerir a quantidade que lhe satisfaz e, não, a que os adultos acham que ela deve comer – Importante lembrar que o estômago infantil é menor que os nossos. A capacidade gástrica de um bebê de um ano, por exemplo, é de 250 ml, enquanto a de um adulto é de 1,3 mil ml.

Além do que, até os dois anos os pequenos sabem exatamente quando estão saciados e obedecem aos seus organismos. Se forem sempre mandados a comer além do ponto de saciedade, acabarão dilatando seus estômagos e perderão tal habilidade. Isso é um passo para o ganho de peso além do necessário.

5. Evite guloseimas – Alimentos com altos níveis de gordura e calorias não acrescentam nada ao organismo da criança e não deveriam ser introduzidos na alimentação de seu filho até os dois ou três anos de idade. Após essa fase, é mais provável que, mesmo que ele tenha contato com as guloseimas, tenha outra relação com elas, não se viciando.

6. Mantenha os mesmos horários de refeição – O metabolismo da criança e a rotina da casa agradecem!

7. Fazer, ao menos, uma refeição com seu filho – Associar boa alimentação com boa companhia e conversas agradáveis é muito positivo na formação da criança.

8. Ofereça comidinhas para pegar com as mãos – A criança vai se divertir tentando comer sozinha e associará esse prazer ao ato de se alimentar, além de ajudar no desenvolvimento de sua coordenação motora.

9. Nada de comer em frente à TV ou com outro tipo de distração – Prestar atenção ao que se come e aos sabores do alimento ajuda na disciplina alimentar e na descoberta do que a criança gosta ou não de comer.

10. Tenha paciência, criatividade e tempo – Principalmente quando são bem pequenos, pois a tendência deles é cuspir a comida, fazer “não” com a cabeça, jogar os talheres no chão, tudo para brincar com você. Podem rejeitar sabores novos, mas os pais não devem desistir – é necessário oferecer pelo menos de oito a dez vezes o mesmo alimento até ter certeza de que a criança não gosta dele.

E um alerta final: reações negativas, como chorar, cuspir ou vomitar diante de novos alimentos, podem evoluir, no futuro, para obesidade ou transtornos como bulimia e anorexia nervosa. Por isso, requerem aconselhamento de um especialista.