27
jul

O conflito da maternidade

A filósofa francesa Elisabeth Badinter tem uma teoria: apesar da queda nas taxas de fecundidade, a maternidade nunca esteve tão valorizada no mundo. Este é o tema de seu livro O Conflito, que foi lançado há pouco tempo no Brasil. Segundo ela, mais do que nunca as mães sofrem pressões da sociedade, no que ela chama de “império do bebê“. Estas pressões envolvem amamentar o bebê corretamente e pelo tempo certo – sob a pena de serem culpadas por doença do filho, lavar fraldas que não agridem o meio ambiente, fazer papinhas sem conservantes, entre outras muitas obrigações que a tarefa exige na sociedade atual.

Há hoje em dia uma idealização da supermãe, a que deve dar tudo ao seu filho, o que faz com que muitas mulheres desistam do sonho da maternidade, já que pensam que, para ser uma boa mãe, é necessário sacrificar suas ambições e voltar toda sua energia e tempo para esta missão. Como pensam não ser capazes de fazer tudo isto, acabam abdicando da idéia. Por outro lado, quando uma mulher opta por não ter filhos, é questionada pela sociedade. A escritora, então, questiona este comportamento da sociedade em relação a elas, pois aquelas mulheres que decidem ter filhos sem medir as consequencias não são cobradas da mesma forma, já que julga-se natural tê-los.

E quanto ao futuro? Para Elisabeth, é difícil prever. “Há movimentos nos países desenvolvidos para colocar novamente a maternidade no centro da vida feminina, mas há movimentos de mulheres que decidem não ter filhos, em países como Japão, Alemanha, Itália e Espanha. Isso porque a obrigação de ser uma boa mãe está cada vez mais presente”.