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mar

Desenhos infantis

O ato de desenhar acompanha o desenvolvimento dos pequenos como uma espécie de radiografia. Nele, vê-se como as crianças se relacionam com a realidade e com os elementos de sua cultura e como traduzem essa percepção graficamente. No início, o que se vê é um emaranhado de linhas, traços leves, pontos e círculos, que, muitas vezes, se sobrepõem em várias demãos. Poucos anos depois, já se verifica uma cena complexa, com edifícios e figuras humanas detalhados.

Toda criança desenha, seja com lápis e papel ou com caco de tijolo na parede. Agir com um riscador sobre um suporte é algo que ela aprende por imitação – ao ver os adultos escrevendo ou os irmãos desenhando, por exemplo. Com a exploração de movimentos em papéis variados, ela adquire coordenação para desenhar. A primeira relação com o desenho se dá, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um traço sobre o papel faz agir.

No período de produção dos típicos rabiscos realizados pelos menores, ocorre uma importante exploração de suportes e instrumentos. A criança experimenta, por exemplo, desenhar nas paredes ou no chão e se interessa pelo efeito de diferentes materiais e formas de manipulá-los, como pressionar o marcador com força e fazer pontinhos. Essa atitude de experimentação tem valor indiscutível na opinião de especialistas, que acreditam que o desenho se desenvolve com base nas observações que a criança realiza sobre sua própria ação gráfica.

Entre os principais estudiosos, há os que defendem que o desenho é espontâneo e o contato com a cultura visual empobrece as produções, até que a criança se convence de que não sabe desenhar e para de fazê-lo. E há aqueles que depositam justamente no seu repertório visual o desenvolvimento do desenho. Nas discussões atuais, domina a segunda posição. Essa perspectiva não admite o empobrecimento do desenho infantil, mas entende que a criança reconhece a forma de representar graficamente sua cultura e deseja aprendê-la. Assim, cai por terra o mito de que ela se afasta dessa prática quando se alfabetiza. Provavelmente, a relação entre a aquisição da escrita e a diminuição do desenho ocorre porque a escola dá pouco espaço a este quando a criança se alfabetiza – algo que poderia ser repensado, não é?

Os desenhos que mostramos aqui no post foram feitos pelas nossas queridas crianças do Espaço Envolvimento!

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