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dez

Excesso de brinquedos

Em período de festas de fim de ano, vale a reflexão: Quantos brinquedos o seu filho tem? E quantos você teve quando era criança? E quem usou e abusou mais de seus brinquedos: você ou seu filho?

O tempo passou e muita coisa mudou, inclusive a capacidade das nossas crianças de focar em seus brinquedos e brincadeiras. E isso não é bom. A capacidade de concentração e cognição delas está seriamente comprometida, piorando a cada dia, e muitos apontam como uma das maiores causas o excesso de brinquedos e eletrônicos no seu dia a dia.

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Os brinquedos precisam ser explorados, consumidos, devorados, decifrados, gastos e sugados até o fim. É essa a finalidade deles. Eles nos “ensinam” a cuidar deles, guardá-los pra podermos encontrá-los depois, observá-los, analisá-los e explorá-los em todas as suas possibilidades – inclusive quando quebram e passam a ter outras funções, descobertas ao longo de todo o tempo de uso dele.

Todos esses processos serão necessários por toda as sua vida, e devem ser aprendidos na infância, como aliás deve ser quase tudo o que precisamos para sermos adultos ativos, atuantes, criativos e responsáveis. No caso dos joguinhos de tablets e celulares, seu uso excessivo compromete, entre outras coisas, a capacidade de esperar: nos jogos, a resposta é imediata, qualquer comando é prontamente obedecido, as coisas aparecem como que por encanto para satisfazer o poço sem fundo de desejos que somos, desde crianças. E na vida as coisas não são assim.

Portanto, é fundamental que as crianças tenham mais experiências com brinquedos analógicos que digitais, que possam elas mesmas ser e/ou produzir as respostas dos desejos de suas brincadeiras:elas terão que desenvolver coordenação e aprender a colocar a roupinha na boneca, montar o carrinho ou o quebra cabeças, e não apenas depender do simples deslizar de seu dedo por uma tela para realizar seus desejos.

Refeições com tablets à mesa são outra coisa que prejudicam demais nossas crianças: elas não se concentram no que estão comendo, não aprendem a socializar ou se comportar à mesa, e, segundo sérios estudos disponíveis, ficam com a digestão prejudicada. Esse hábito pode facilitar muito a vida dos pais em situações de emergência, mas recomenda-se que gastem um pouco mais de tempo e energia se impondo para que eles possam alimentar adequada e educadamente.

O blog Pais que Educam dá algumas dicas práticas para lidar com o excesso de brinquedos. Uma das sugestões é que a grande maioria dos que já estão em casa seja guardada, que alguns sejam doados – e que as crianças participem desse processo, selecionando os brinquedos a serem doados, e, se possível, entregando esses brinquedos e vendo a reação feliz das crianças que os receberam.

Os pais podem dispor apenas cinco ou seis de cada vez e se sentar com as crianças um pouco para explorarem juntos cada um deles – ter muitos brinquedos disponíveis na hora de brincar distrai a atenção, prejudica o foco e “vicia” os pequenos em excessos.

É importante brincar, sugerir, perguntar como usar cada um, inventar juntos novas maneiras, criar nomes para os brinquedos. Explorar. Isso será maravilhoso pra estreitar vínculos e desenvolverá autonomia pra que as crianças fiquem por horas e horas concentradas, brincando, inventando maneiras de brincar, criando, e, sobretudo, entendendo que não é necessário ganhar coisas e mais coisas pra ser feliz e se divertir.

Fonte: Pais que Educam